Só o meu travesseiro me conhece por dentro...
Sim, pois a ele desabafo todos os dias, à noite.
Conto-lhe os meus dissabores, minhas alegrias
E tudo o que me envolve: amor, trabalho, finanças...
Nada nem a ninguém mais afianço esse privilégio,
Até porque sei que jamais serei traído, segurança...
E ele, impassível, escuta-me sem fazer perguntas,
É uma audição e um tremendo respeito que me tem,
Por isso não escondo qualquer episódio, intimidade
Bastante para o tempo em que na vida eu estiver...
Essa cumplicidade me faz alguém sonhador, feliz.
Só que algo aconteceu e me desnorteou totalmente...
Minha serviçal, querendo me agradar, atropelou-me:
Comprou travesseiros novos para mim e ele, se foi...
Ela rasgou o que era antigo e jogou no lixo: matou-me!
DE Ivan de Oliveira Melo