Quiçá, num universo paralelo,
Num mundo onde o amor é ilimitado,
Será que em mundo tão iluminado
Há amor como o que forja os nossos elos?
Amor que cuida, zela e alimenta,
Jamais, porém, cingindo a liberdade;
Se tu queres um oco, vai e tenta;
Tu tens minha anuência, então regala-te!
Explode, implode, vive e experimenta!
Depois, guaiado rabo entre as duas patas,
Retorna troncho a mim de orelhas fartas
E narra as desventuras da jornada.
Que então te beijo o topo da cabeça,
Namoro com meus olhos os teus olhos,
Levanto com carinho tuas orelhas,
Aberto sem acanho ao teu remorso
E digo “Enfim sofreste e aprendeste.
E rogo-te: não faze novamente.
Falei-te das visíveis consequências,
Mas sei que precisavas da experiência.”
E tu, no teu delíquio declarado
De alívio e de lamento simultâneos
Encetas logo o arroubo consentâneo;
O nosso desafogo insano e gaio!
É música, é torpor e ebriedade
Preenchendo nossos âmagos afoitos!
Livrando dos grilhes da sanidade
Os nossos cinco espíritos inconhos!
Ness’áurea de amizade, desnudamo-nos
À prova de defesas ou ardis
E cinco primaveras tafuis
Se pem a bailar amor tão lhano.
Conheço teu pior e teu melhor,
E almejo ver-te assim, sempre jucundo
Que ver o teu sorriso alenta o nuto
Do peito meu de vê-lo 'inda maior.
Pois sei que tu conheces-me de cor
E que não há nudez que me desonre.
Então me sinto o homem mais ditoso
Ao ter o beijo teu na minha fronte.
Portanto, explode, vive e experimenta!
Preenche nossos âmagos afoitos!
Consola-me e levanta minhas orelhas!
Abraça esses espíritos inconhos!
Explode, implode, vive e experimenta!
Coloca as primaveras a bailar!
Desnuda com teus olhos meu olhar!
Desnuda esses espíritos inconhos!